A soberba que substituiu o "complexo de vira-lata"
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por Eduardo Ferracini
Após o Brasil, no Maracanã, perder a final da Copa de 1950 para o Uruguai, o dramaturgo Nelson Rodrigues, apaixonado por futebol e que também era um grande cronista de sua época, criou sua famosa sentença de tão baixa qualificação aos filhos da Terra de Santa Cruz:
- O brasileiro tem complexo de vira latas!
E o veredito do jornalista detalha a causa de tamanha desonra:
- Obdúlio Varela – o capitão da Celeste Olímpica – nos tratou a pontapés, como se vira latas fôssemos.
Por que estou lembrando disso? Porque o complexo de elevação, de transcendência demonstrado pelos dirigentes – não os jogadores – do Flamengo é tão nocivo quanto o de vira latas.
O futebol tantas vezes mostrou quão caprichoso, zombador e traiçoeiro é. A vitória do bom time do Al Hilal está aí para provar essa máxima. Será que o Flamengo era mesmo tão favorito assim?
O jogo se ganha lá dentro e na bola. É ali, no cheiro da grama molhada e no suor do sovaco da luta, que se decide a parada, não em bravatas de obesos suados
de terno e gravata.
- Real Madri, pode esperar, a tua hora vai chegar!
Um verso da canção “Zagueiro” de Jorge Ben retrata bem o que é uma partida de futebol:
- É uma guerra maravilhosa de 90 minutos!
No caso de alguns dirigentes a questão não é ter complexo de vira latas, mas sim, pela sua arrogância, serem apenas vira latas.