
Dirigentes do Tubarão e da Macaca pregam moderação nas expectativas. Pois, muda o patamar da competição e na mesma proporção os custos para participar
Ontem e hoje, muitos dos torcedores do Londrina e da Ponte Preta, mais do que comemorarem a ascensão à Série B e a final da Série C que começará neste sábado, já estavam preocupados de como será a participação dos times na segunda divisão do Campeonato Brasileiro.
Pois é, as emoções nunca param.
O presidente da SAF do Londrina, o empresário Guilherme Bellintani, empolgado demais da conta com o time, mesmo assim, no gramado do estádio Vitorino Gonçalves Dias, o glorioso VGD, controlou suas falas para não criar expectativa exagerada no torcedor do Tubarão. “É preciso lembrar de todas as pessoas que estão e estiveram juntas conosco. O Paulo Assis, que iniciou comigo o projeto, os funcionários do clube, os jogadores, as comissões técnicas. Todos contribuíram muito para este acesso. Quando chegamos – início do ano passado – não havia sequer jogadores inscritos no time, uma estrutura longe do necessário. Em 11 dias tivermos que contratar jogadores e colocar um time em campo no Paranaense de 2024. Só temos que agradecer a todos pela dedicação”, disse Bellintani. Segundo ele, o presidente da Federação Paranaense de Futebol, Hélio Cury Filho, também contribuiu bastante para o projeto além da cidade que abraçou a causa do time. “Olha, ninguém foi mais importante do que a torcida que realmente entendeu o que queríamos. O Londrina vai até onde a cidade quer que ele vá”, disse o presidente da SAF.
Aliás, desde que assumiu a SAF, no começo do ano passado, ele sempre pregou o mantra: um passo de cada vez, estruturação, consolidação, profissionalismo, reaproximação com o torcedor. O momento é de reestruturação. O time está construindo um Centro de Treinamentos, reformou o VGD; e mais do que triplicou a média de público do Londrina dos últimos dez anos.
Na série B os clubes recebem da CBF um valor maior para competir. Este ano cada time recebeu, em média, de R$ 8.5 milhões, da CBF. Porém, para ser competitivo e sonhar com o acesso para a principal divisão do campeonato brasileiro, as equipes precisam gerar receita para, praticamente dobrar este investimento. Por isso o gestor do Londrina deixa claro: “Jogar uma série B não é fácil, vamos precisar de alguns anos de estabilidade para conseguir ter consistência para subir para a Série A”.
A Ponte Preta, por exemplo, já está fazendo as contas de quanto precisará caso queira chegar à elite do futebol brasileiro ainda em 2026. Segundo o presidente da Ponte, Marco Antonio Eberlin, a Macaca tem uma dívida consolidada de R$ 400 milhões que sangra mensalmente o cofre do clube.
“Só de folha de pagamento, calculo que é preciso de pelo menos R$ 13 milhões para montar um time razoavelmente competitivo. Somando os salários da comissão técnica, e toda a infraestrutura que um time de futebol precisa no dia a dia, alimentação, manutenção, fisioterapia e tudo o mais, pode somar aí mais uns R$ 8 milhões. E, mesmo com patrocinadores, venda de ingressos, uma ou outra venda de jogadores, é uma receita muito difícil de atingir”, disse Eberlin. Mesmo assim se mostra animado. “Esta decisão contra o Londrina, que é um excelente time, vai ser importante. Poderemos ter nosso primeiro título nacional, que tanto perseguimos”, disse.