
por Edson Ferracini
Roland Garros chegando, relembro o dia em que quase fui preso e deportado em Paris.
Na fila para entrar no estádio, ingresso na mão, conversando com um rapaz brasileiro que conheci no hotel, e de repente chegam 2 policiais nos dando ordem de prisão.
Confundiram o menino com um cambista e acharam que eu estava comprando ingresso dele.
Bateu desespero no garoto e ele só dizia “ai meu Deus”! Nessa hora a idade ajuda. Tentei ficar calmo mas com a cabeça a mil.
Era uma quinta-feira e no sábado eu iria para Torino para ficar 10 dias com a minha filha que morava lá.
Imaginem o desespero, eu pensava: vou ser preso e deportado, não vou ver Carol, o que fazer?…
Os guardas, um grandão calmo e um baixinho bravo, grosseiro e com uma voz altíssima, fina e estridente. Só ele berrava e dizia que estávamos presos.
Relaxei, entreguei pra Deus e disse:
- S’il vous plait…e com meu inglês ridículo:
- Sorry, please…english??? O baixinho urrou: yes!
Com a maior calma do mundo – tem hora que é bom ser véio rsrsrs – tirei meu passaporte do bolso, entreguei a ele e disse:
- I am brazilian, e olhando para o garoto he is brazilian.
Tirei o folheto do hotel da bolsa e continuei:
- Hotel Califórnia, Rue de Berri, Champs Elisèe.
O baixinho não se convenceu. Olhou meu passaporte, virou para o rapaz e perguntou:
- What’s his name???
E apontando para mim, antes da resposta do garoto, berrou: shut up!!!
Na hora pensei: só falta esse moleque não lembrar meu nome. Mas ele lembrou:
- Edson!
Fomos liberados! Acho que nunca ouvi meu nome com tanto gosto. rsrs…
Agora é folclórico, dou risada mas foi um sufoco. E a ação dos policiais, sinceramente, foi grotesca.
A foto, de 2008, é da quadra 1 tirada do ultimo andar da quadra principal Philippe Chatrier, e o jogo era Marat Safin X Nicolay Davydenko, clássico russo.