O técnico argentino que colocou ordem na casa
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Lionel Messi merecidamente será o centro das atenções quando a Argentina enfrentar a França na final da Copa do Mundo do Catar no domingo (18), mas o potencial ponto alto de sua gloriosa carreira poderia ter escapado do astro argentino se não fosse pelo técnico da seleção, Lionel Scaloni.
Scaloni escreveu uma das histórias mais fascinantes do futebol sul-americano nos últimos anos, tendo sido arrancado da obscuridade para levar uma seleção argentina que estava em desordem às portas da grandeza.
Quando a Associação de Futebol Argentino (AFA) fez de Scaloni, então técnico da equipe sub-17, o treinador interino da seleção principal em agosto de 2018, eles estavam em dificuldades e lutavam para encontrar um nome proeminente que quisesse assumir o papel depois de outro fracasso na Copa do Mundo.
Eles estavam com o coração partido depois de serem eliminados pela França nas oitavas de final do Mundial de 2018 após uma derrota por 4 a 3, e tinham visto Messi, sua principal estrela, anunciar que não atuaria mais pela seleção.
Ex-jogador, Scaloni tinha 40 anos e nenhuma experiência anterior como técnico principal.
Depois de se aposentar do futebol profissional em 2015, ele se juntou à equipe técnica de Jorge Sampaoli como assistente no Sevilla em 2016. Ele o seguiu quando Sampaoli se mudou para a Argentina e fez parte da comissão técnica na Rússia em 2018.
Depois de propostas rejeitadas por Diego Simeone, Marcelo Gallardo e Mauricio Pochettino após o fracasso de Sampaoli na Copa do Mundo, a AFA decidiu promover o enérgico Scaloni como interino até que pudessem encontrar um técnico permanente.
Não foi um movimento popular e muitos astros argentinos, incluindo o falecido Diego Maradona, foram críticos da decisão.
“Ele não pode nem mesmo dirigir o tráfego, como vai dirigir a seleção. Será que ficamos todos loucos?”, disse Maradona em 2018.
Projeto de renovação
No entanto, em meio ao barulho, Scaloni manteve-se firme, trazendo consigo seus antigos companheiros de equipe Pablo Aimar, Walter Samuel e Roberto Ayala como assistentes.
Eles iniciaram um projeto de renovação e injetaram uma lufada de ar fresco no vestiário após quatro derrotas consecutivas nas finais da Copa América (2014 e 2016) e da Copa do Mundo de 2014.
Sem Messi, ele ganhou quatro de seus primeiros seis amistosos para ser efetivado no cargo.
Ele desempenhou um papel importante para convencer Messi a repensar sua aposentadoria da seleção, que foi revertida após um período de oito meses.
Desde então, eles criaram um vínculo que permitiu a um Messi rejuvenescido desfrutar seus melhores anos com a seleção argentina.
Depois de perder a semifinal da Copa América de 2019 para o Brasil, eles embarcaram em uma incrível campanha invicta de 36 jogos, incluindo uma vitória catártica por 1 x 0 contra os brasileiros na final da Copa América de 2021, para conquistar seu primeiro grande título em 28 anos.
O feito tirou a pressão dos ombros de Messi e criou outro vínculo, entre a estrela da equipe e seus torcedores.
Foi o que sem dúvida lhes deu a base para se reagruparem depois de sua derrota para a Arábia Saudita na abertura da Copa do Mundo do Catar. Desde então, eles têm sido impecáveis.
“Tento não me emocionar, mas é difícil porque estou no lugar dos sonhos de qualquer argentino. Representar meu país é uma coisa emocional”, disse Scaloni aos repórteres depois que a Argentina goleou a Croácia por 3 a 0 em sua semifinal da Copa do Mundo.
No entanto, foi mais do que apenas emoção que guiou a Argentina até a final. Scaloni fez mudanças fundamentais após a derrota contra os sauditas e teve a coragem de colocar na equipe os jovens Enzo Fernández e Julián Alvárez, que têm sido brilhantes desde então.
Ele também fez mudanças cruciais em seu sistema, utilizando três defensores contra a Holanda e três jogadores de meio de campo para neutralizar o grande Luka Modric, da Croácia.
Graças à perspicácia de Scaloni, a Argentina está à beira da glória –e embora seja Messi quem vá chamar a atenção, seu treinador merece parte dos aplausos.