Por Eduardo Ferracini

Desde a tardinha daquele início de verão de 2003, quando um menino, pela vitória, ajoelhou-se na grama sagrada de Wimbledon em reverência e gratidão, os anos passaram-se como um relampejar, como uma virada de esquina.
Outros “heróis” do esporte surgiram e se foram; cataclismos políticos e sociais esparramaram-se pelo planeta; cidades deslumbrantes e bilionárias ergueram-se no meio do deserto; um negro de carisma sedutor, em triunfo lendário, elegeu-se para comandar a maior potência do mundo…
Mas o legado deixado ao tênis por aquele menino de cabelos longos e olhos de leão permanece firme, inabalável como um penhasco cravado no meio do oceano.
E esta herança legítima do maior embaixador do esporte branco move, hoje, milhões e milhões de dólares pelos confins do globo.
Roger Federer atraiu para si pessoas de todas as raças, crenças, gerações, interesses…
Dos roqueiros headbangers aos entusiastas da música romântica; dos amantes de ópera aos apreciadores de um picadeiro de circo; dos maiores atletas do mundo aos peladeiros barrigudos de final de semana…
Quando o maestro suíço, qual aragem suave, recolher-se do jogo, o tênis profissional jamais será o mesmo. “O tempo é areia que escapa até entre os dedos do amor. Não para no porto, não apita na curva, não espera ninguém”.
Nem mesmo a Roger Federer!